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A Igreja Católica reconheceu oficialmente o martírio do padre Nazareno Lanciotti, sacerdote diocesano italiano, missionário no Brasil, assassinado em 2001 por causa de sua dedicação pastoral e luta contra a injustiça. Com isso, ele poderá ser elevado à honra dos altares com o título de beato, tornando-se mais um testemunho luminoso de santidade em terras brasileiras.

Para Wellynthon Oliveira, responsável pelo Movimento Sacerdotal Mariano no Brasil (MSM), membro do clero da Arquidiocese de Cuiabá, tem acompanhado esse processo da Igreja e celebra, com alegria, o sentimento vivenciado pelos membros do Movimento Mariano.

“Recebemos com muita alegria a notícia da promulgação do decreto referente ao martírio do Servo de Deus, padre Nazareno Lanciotti, era o ponto que faltava para a sua beatificação”, afirma o sacerdote.

Nascido em Roma, em 3 de março de 1940, padre Nazareno foi ordenado sacerdote em 1966. Após alguns anos de ministério na capital italiana, conheceu a Operação Mato Grosso, movimento missionário voltado ao serviço dos mais pobres na América Latina. Em 1971, chegou ao Brasil e atuando fortemente na cidade de Jauru, região Oeste de Mato Grosso, Diocese de Cáceres e próximo à fronteira com a Bolívia. Ali, iniciou um fecundo trabalho missionário, sustentado por profunda espiritualidade e ação pastoral.

Padres da Diocese de Cáceres, realizaram uma LIVE, na tarde de hoje (14), para tratar dos detalhes do processo e tirar dúvidas da comunidade sobre os próximos passos.

Durante trinta anos de missão, padre Nazareno fundou a Paróquia Nossa Senhora do Pilar e criou 57 comunidades eclesiais rurais, onde instituiu a adoração eucarística cotidiana. Fundou também um dispensário médico, que se transformaria em um dos hospitais mais ativos da região, além de construir uma casa de repouso para idosos, chamada “Coração Imaculado de Maria”.

Sensível às necessidades das famílias, abriu uma escola para atender centenas de crianças, fornecendo também alimentação para elas, e fundou um seminário menor. Em 1987, ingressou no Movimento Sacerdotal Mariano, tornando-se seu diretor nacional no Brasil. A partir de então, viajou por diversos estados organizando cenáculos de oração e retiros espirituais, incentivando a consagração ao Imaculado Coração de Maria entre sacerdotes e leigos.

Na Arquidiocese de Cuiabá o Movimento Sacerdotal Mariano foi incentivado pelas ações do padre Nazareno. Hoje, o Movimento é um dos organizadores do Vinde e Vede, maior encontro católico de Carnaval da Região Centro-Oeste, fruto de um trabalho iniciado pelo padre, em Cuiabá.

Padre Nazareno também se destacou por seu compromisso com a justiça social. Denunciou a exploração de crianças e adolescentes, os esquemas de prostituição e tráfico de drogas na região oeste, e confrontou interesses escusos que ameaçavam a dignidade dos mais pobres. Por isso, tornou-se alvo de perseguições e intimidações.

Foi em 11 de fevereiro de 2001, enquanto jantava com colaboradores, que ele foi brutalmente atacado por dois criminosos encapuzados que invadiram sua residência. Gravemente ferido, padre Nazareno resistiu por alguns dias, mas faleceu em 22 de fevereiro de 2001, aos 61 anos.

O reconhecimento de seu martírio pelos dicastérios da Santa Sé, confirmado pelo Papa Francisco, abre caminho para sua beatificação. Mártir dos nossos dias, padre Nazareno Lanciotti é agora oficialmente reconhecido como um testemunho da fé levada até as últimas consequências, um sinal do Evangelho vivo entre os pobres e abandonados.