Franceses ‘não apitam em mais nada’, diz Lula ao pressionar acordo com UE para este ano

Franceses ‘não apitam em mais nada’, diz Lula ao pressionar acordo com UE para este ano
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Presidente comentou o episódio envolvendo o boicote do Carrefour aos produtos brasileiros e saiu em defesa do agronegócio

Publicado em 27 de Novembro de 2024.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, nesta quarta-feira (27), o episódio de boicote que envolveu a empresa francesa Carrefour e as carnes brasileiras. Em agenda, realizada na capital federal, o petista afirmou que quer assinar o acordo entre União Europeia e Mercosul ainda neste ano e destacou que os franceses, principais opositores ao tratado, “não apitam em mais nada”.

“Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causava raiva num deputado francês, que hoje achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul. Nem tanto pela questão do dinheiro, mas porque estou há 22 anos nisso. E se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam em mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia e a [presidente] Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo. E eu preciso assinar o acordo esse ano ainda, tirar isso da minha pauta”, disse Lula.

Inicialmente, o CEO Global do Carrefour Alexandre Bompard havia anunciado que o grupo ia parar de exportar carnes dos países do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. O anúncio, porém, repercutiu e causou mal-estar entre autoridades brasileiras. Após a polêmica, a companhia francesa recuou e disse que iria, sim, comprar produtos sul-americanos. O governo afirma que vai se manter vigilante na defesa da imagem do país e da sua produção, em coordenação com o setor privado.

Em nota, o governo Lula diz esperar “que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam essas decisões infundadas e que todos os atores que tenham contribuído para essa campanha de desinformação tenham presentes as consequências negativas de seus atos”. As pastas envolvidas na discussão também ressaltaram a defesa dos produtos brasileiros e da boa relação com a França. A declaração do Carrefour ocorreu em proteção aos produtores franceses.

As declarações foram dadas por Lula durante a abertura do ENAI (Encontro Nacional da Indústria) 2024, em Brasília. O evento, cujo tema é ‘Neoindustrialização e redução do Custo Brasil: uma nova indústria para um futuro sustentável’, é organizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). “Foi uma das poucas vezes, nos últimos 20 anos, que eu vi o empresário falar da indústria sem precisar atacar o agronegócio”, destacou o presidente na agenda.

“Porque nós não temos que ver o agronegócio como inimigo, é importante que a gente não veja o agronegócio como uma coisa atrasada, é importante que a gente tenha consciência da quantidade de tecnologia que tem num grão de soja, de milho. A quantidade de investimento em genética que tem no frango, na carne de boi, na carne de porco”, acrescentou.

Agenda

Na ocasião, a CNI lançou o Observatório do Custo Brasil, que é o resultado de um conjunto de entraves que oneram o ambiente de negócios no país. Obtido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços em parceiro com o Movimento Brasil Competitivo, o índice atingiu R$ 1,7 trilhão em 2023, o que representa pouco mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto).

De acordo com a pasta, o observatório vai priorizar seis iniciativas estratégias de diminuição do Custo Brasil: ampliação e diversificação da matriz logística, acesso ao crédito empresarial, expansão da banda larga, simplificação tributária, abertura do mercado de gás natural e acesso à energia elétrica competitiva. O vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, também participaram do evento.

Fonte: R7 Brasil.

Leandro Régys

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