Dólar renova recorde de maior valor nominal, depois de chegar a R$ 6 pela primeira vez na história
Publicado em 28 de novembro de 2024.
Moeda americana fechou em alta de 1,30%, cotada a R$ 5,9891.
O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (28), e renovou o maior valor nominal da história: R$ 5,9891. Ao longo do pregão, a moeda americana bateu os R$ 6 pela primeira vez na história. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0029.
O mercado financeiro repercutiu o detalhamento do pacote de corte de gastos do governo federal e do plano de isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil.
Nesta manhã, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa, realizaram uma coletiva com jornalistas para explicar mais detalhes do pacote anunciado na véspera.
As medidas, anunciadas por Haddad em um pronunciamento em rede nacional, preveem um corte de gastos de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Entre as ações, estão uma limitação para o crescimento do salário mínimo, restrição para o abono salarial e uma alíquota de até 10% de imposto para pessoas que ganham mais de R$ 600 mil por ano.
Além do pacote de corte, o governo também propôs isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824.
O anúncio, no entanto, teve sabor agridoce para o mercado financeiro. Isso porque apesar de ter cumprido com a economia esperada, a isenção do IR ainda pode ter um alto custo para o governo.
Segundo o presidente do Bradesco Asset, Bruno Funchal, apesar de o pacote de corte de gastos ter ido na direção correta, com uma série de medidas positivas, houve uma reação negativa dos preços no mercado.
“Talvez o impacto em si seja um pouco aquém do que se esperava e certamente do que é necessário, mas está na direção correta. Mas ele acabou tendo, em paralelo, o anúncio da revisão da tabela de IR, que traz um risco fiscal relevante e acabou trazendo uma percepção de risco maior no mercado”, explica o executivo.
O que está mexendo com os mercados?
O real tem sofrido uma desvalorização acentuada há semanas, conforme aumenta a cautela dos investidores com a condução das contas públicas brasileiras. Quando os gastos públicos estão elevados, o mercado passa a desconfiar da capacidade do país de arcar com suas dívidas no médio e longo prazo.
Havia uma grande expectativa do mercado financeiro de que a equipe econômica do governo federal apresentasse algum pacote de cortes nos gastos públicos logo após o segundo turno das eleições municipais no Brasil. Foram vários adiamentos desde então.
Nesta quarta-feira, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um pronunciamento à nação anunciando o pacote de cortes nos gastos, com estimativa de poupar R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026.
Segundo Haddad, porém, o impacto estimado é de R$ 35 bilhões. O ministro disse que esse impacto deve ser compensado por medidas de taxação dos mais ricos.
Na última sexta-feira (22), o governo já havia anunciado também um bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento deste ano. Com isso, o governo totaliza R$ 19,3 bilhões já bloqueados nos últimos meses para tentar compensar o avanço das despesas obrigatórias, como gastos com a previdência.
Mesmo assim, o mercado ainda aguarda as demais medidas para entender como o governo pretende lidar com as contas públicas nos próximos anos.
A ideia é que, com os cortes, o governo consiga equilibrar a situação das contas públicas e honrar o arcabouço fiscal. Contas mais controladas são bem vistas por investidores porque aumentam a confiança de que o país será capaz de arcar com suas dívidas.
A decisão de atrelar o anúncio ao pacote de cortes tem como objetivo passar a mensagem de que o governo Lula não está fazendo o ajuste fiscal apenas em cima dos mais pobres.
Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o mercado recebe negativamente a notícia da isenção porque “não tem como pensar em um cenário em que essa isenção vá beneficiar o consumo das famílias em um nível suficiente para compensar o que seria ganho através da cobrança do imposto de renda para essa população”.
Assim, os investidores esperam maior previsibilidade e clareza sobre como o governo pretende fazer essa compensação de gastos e receitas, para avaliar se a medida será sustentável.
Fonte: G1.