OPERAÇÃO GUAPORÉ: Após 111 anos, Marinha volta a navegar no Rio Guaporé
Publicado em 14 de março de 2024.
Sob o comando do capitão de fragata Jorge Henrique Corrêa de Sá, atual chefe da Marinha do Brasil, em Mato Grosso, partiu nesta quarta-feira(13.03) por volta das 16 horas, um grupamento composto por 38 militares incluindo marinheiros e fuzileiros navais, com 08 viaturas terrestres, 08 embarcações, desde de Cáceres- à 210 quilômetros Oeste de Cuiabá -‘, com destino à Vila Bela da Santíssima Trindade , cuja tropa executará a ” Operação Guaporé “, à partir de amanhã quinta feira.
A missão é inédita em Mato Grosso, pela Armada Brasileira.
O objetivo é efetuar o reconhecimento de parte da extensão do Rio Guaporé, que nasce na Chapada dos Parecis em Mato Grosso , sendo o divisor de duas das mais importantes bacias hidrográficas do país, onde também nasce o Rio Jauru, este corre descendo para o sul, enquanto que o Guaporé desce em sentido contrário numa extensão de mais de 1.400 quilômetros descendo para compor a majestosa Bacia Amazônica.
Os militares da Marinha, terão apoio logístico nos Pelotões Especiais de Fronteira, do Exército Brasileiro, instalados às margens direita do Guaporé, visto que a margem esquerda em longo trecho é de soberania da República da Bolívia.
O trajeto será desde Vila Bela da Santíssima Trindade , até à barra do Rio Cabixi, afluente do Guaporé, já na divisa dos territórios mato-grossense com o estado de Rondônia.
A missão coincide com duas celebrações das mais importantes da MB, que são: o duo centésimo décimo sexto ano da chegada do Corpo de Fuzileiros Navais ao Brasil e o Centésimo Quinto ano de instalação da Capitania dos Portos de Mato Grosso, em Cáceres, atual Agência Fluvial de Cáceres.
HISTÓRIA
A margem direita do Rio Guaporé, estão as ruínas do Forte Príncipe da Beira, edificado em 1777, por ordens da Coroa Portuguesa, visando assegurar os domínios lusitanos do Centro Oeste e da parte sul da Amazônia. O Forte foi o maior em dimensão , armamentos e efetivo construído pelos lusos no Brasil, temia se uma eventual invasão do vice Reino Espanhol do Peru. Essa fortaleza fez parte do plano de defesa do império juntamente à outros dois Forte de Coimbra no Mato Grosso do Sul e o Forte de São José, no Rio Amazonas, no estado do Amapá.
A última expedição realizada pela Marinha no Guaporé, data de 1913, capitaneada pelo Almirante José Carlos Carvalho, cuja missão era localizar o Forte Príncipe da Beira, e atualizar à época as cartas náuticas desse Rio.
A missão do almirante Carvalho, partiu do Porto de Manaus (AM), navegando rio acima até à confluência com o Rio Madeira até à foz do Guaporé, sendo documentada pelo fotógrafo Alfredo Clímaco, conforme dados dos arquivos do Departamento de Patrimônio Histórico de Documentação da Marinha.
O rio exerceu importante meio de comunicação terrestre/hidrográfica na fronteira ocidental do Brasil, quando para se atingir Vila Bela da Santíssima Trindade, era somente através de sua calha, cujo por longo trecho desde Vila Bela, é um mosaico de cachoeiras, dai também se deriva o nome Guaporé ( rio encachoeirado segundo os nhambiquaras, Parecis e Kana Chuê, povoações indígenas das suas margem brasileira.
Para o capitão dos Portos de Mato Grosso, comandante Corrêa de Sá, à presença da MB, nessa operação, reforça o compromisso da Armada com a defesa da soberania, à segurança da navegação e principalmente à soberania nacional na proteção das povoações originárias e das comunidades ribeirinhas.
POR João Arruda / Jornal Cacerense.